Thursday, April 06, 2006

TU

mas afinal quem és tu de quem tanto falo e tanto canto aos quatro ventos?

tu és toda a gente e não és ninguém.
és a causa de tudo e afinal não causas nada.
tu és a coisa mais importante, mas também a mais insignificante.
preciso de ti incessantemente, mas também passo muito bem sem ti.
tu és tudo e não és nada.
eu amo-te, mas também te odeio.

afinal tu és eu...
o tempo não existe,
não é nada,
e não sabemos bem o que é...
mas sentimo-lo passar e damos conta dele passar.
ficamos mais velhos,
com mais rugas, mais cabelos brancos.
o corpo não permite as loucuras de antes,
já não aguenta tanto peso.
o tempo vai passando cada vez mais rápido...
ou assim nos parece.
somos tomados nos seus braços, sem podermos fugir,
enganá-lo ou fintá-lo.
o tempo vem e nós vamos com ele.
o tempo, que é tudo e não é nada,
faz-me vergar e enfraquecer
alucinar perante a vida.
o tempo, que é tudo e não é nada,
muda tudo.
faz nascer e mata,
traz uns e leva outros.
o tempo,
não se vê, mas sente-se.