Wednesday, May 03, 2006

não há sons mais belos que aqueles que só a Natureza e o Silêncio conseguem conjurar.
já experimentaste sentar-te lá fora e escutar?
ouvir Nada e ouvir Tudo.
nada te escapa.
o cantar alegre dos pássaros,
o vento a roçar-se nas folhas,
o vento a soprar,
o ladrar dos cães,
a chuva a cair...
lá longe ouço também os sons da cidade.
motas, carros, ambulâncias,
motores, afinal.
as pessoas gritam, cantam, berram, choram...
exaltadas, felizes, desesperadas, tristes.
pois, lá fora ouves tudo.
e a Natureza furiosa recomeça.
um trovão forte ribomba e intimida-me.
a chuva começa a cair torrencialmente, fazendo barulho.
é bonito de se ver, mas ainda mais bonito de se ouvir.
o trovejar, o chover.
todos começam a procurar um abrigo.
ouve-se o passo apressado das pessoas,
os cães cessam o seu ladrar,
e até ouvimos o mais pequeno dos pássaros bater as asas para se esconder, seguro.
o ribombar dos trovões é belo,
não há som igual ao da chuva a cair.
não há sons iguais.
e, subitamente, Nada.
nada se ouve.
cessou o trovejar e o chover.
veio o Silêncio.
e o Silêncio é de ouro...
banhado nesta tranquilidade imensa, fecho os olhos.
é tudo tão calmo, tão tranquilo...
desejo o Silêncio intensa e eternamente.
de olhos fechados adormeço.
e acordo com a Natureza.
o sol já brilha,
os cães ladram outra vez,
os pássaros cantam outra vez em tom alegre.
as pessoas andam lá fora outra vez.
os carros percorrem a cidade.
e eu cá fora, ouço tudo.
cá fora ouve-se Tudo...cá fora ouve-se Nada.