Saturday, March 18, 2006

e escrevo. à luz do candeeiro do meu quarto escrevo.
escrevo enquanto a minha cabeça quente lateja com dor.
e o meu corpo treme e aquecido parece querer abrir fendas por todo o lado.
mas escrevo, escrevo a dor latejante que se espalha por mim,
me entope todos os poros do meu corpo,
se espalha por mim a uma velocidade doentiamente lenta.
esta dor latejante, parece rebentar a minha cabeça.
rangem os dentes, tremem os dedos e as pernas,
rebenta-me a cabeça.
e dependo eu daqueles remédios para me aliviar as dores,
levar-me para aquele mundo em que nada sinto,
a dor não existe e sou alma sem corpo.
a cabeça lateja e não consigo escrever mais.
hoje não, não hoje.
amanhã, depois, quando estiver curado...
e regressado do mundo indolor,
em que sou alma livre sem corpo.

Monday, March 13, 2006

E tudo nele era demência e insanidade...

e tudo nele era demência e insanidade. por todo o lado bradava ao mundo a sua loucura.
sons insanos e imagens loucas percorriam a sua mente. um copo de absinto trazia de volta os seus companheiros imaginários de longas bebedeiras e loucas orgias também. o fumo opiáceo atravessava-lhe a garganta e esmagava-lhe o cérebro. o absinto fazia-o arder por dentro e as alucinações eram constantes: vinham e iam, iam e vinham.
Loucura, Demência e Insanidade.
há muito tempo que aqueles companheiros ganharam lugar na sua vida, tal como o ópio e o absinto. aquelas drogas que o levavam na vida, mais leve, tão leve que quase voava. na sua mente, vozes e gemidos de dor e prazer ecoavam intensamente.
a noite fascinava-o. pecamos durante a noite porque ninguém vê, ninguém sabe, ninguém nos conhece. aquela escuridão tem o seu quê de confortável e seguro. e está sempre acompanhado por aqueles amigos de ópio e absinto.
a sua vida errante e incorrecta levava-o mais uma vez àquele antro de prazer carnal, onde em tantas noites conhecera tantas mulheres e nunca conhecera ninguém.
afinal, quando a demência e a loucura nos tomam nos seus braços, que somos nós? que podemos nós fazer? somos um corpo amorfo, docemente envenenado pelo pecado.
aqueles momentos intensos que nada o marcaram, eram apenas uma leve réstia de pensamento pecaminoso e carnal.
mulheres, ópio e absinto; não quer mais nada, não precisa de mais nada.
Para quê?
pecados cometidos e logo a seguir esquecidos. tomados na loucura da vida não interessa o que vamos fazer nem o que já fizemos.
tantas mulheres e tantos ninguéns, conhecidos num momento e esquecidos num outro. entregue ao prazer carnal, não interessa quem é a outra pessoa. é alguém, mais uma, que peca com ele.
Porque não? Que importa?
mulheres, numa noite, num dia; eram a sua loucura e perdição.
Absinto, Ópio, Mulheres; só precisa disto para viver, ter forças e continuar.
Ópio para a Demência, Absinto para a Insanidade.
Pecado, Demência, Insanidade, Loucura e Perdição são as regras da sua vida...


by
oge_retla

O tempo arrasta-se
Monocórdico
Monotóno
Melancólico.
E arrasta o meu corpo com ele.
Lentamente
Penosamente
De forma aborrecida e lenta.
O silêncio melancólico e imundo
Alastra-se e ocupa o meu corpo amorfo.
Arrasto-me para sobreviver
A esta melancolia que toma conta de mim.
E vozes monocórdicas ecoam na minha cabeça
Parecendo que vai rebentar a cada segundo que se arrasta.
Arrasta-se o meu corpo, pesado
No tempo melancólico.
A melancolia penosa
As vozes monocórdicas
O silêncio pesado...
Uma tortuda hedionda
Que me esmaga a cabeça
E são mil espinhos cravados na carne, na minha carne.
E eu arrasto o meu corpo,
De forma lenta e penosa.
Neste tempo intemporal,
Monocórdico
Monotóno
Melancólico.


by
oge_retla