Wednesday, April 26, 2006

louco

dizem que ser louco é errado.
dizem que ser louco faz mal.
mas digo eu:
o que é a vida se não formos loucos?
de que serve se a loucura não se apoderar de nós?
que somos nós de resto se loucos não formos?
(nem que seja só um pouco, às vezes)
digo eu, àqueles que sofrem, aos sãos,
a vida é para ser vivida.
as loucuras fazem bem.
se loucos não fôssemos, seríamos não mais
que uma marioneta,
destinado a não mais que procriar para sobreviver e continuar...
mas não!
não, a vida deve ser tomada pela loucura!
devemos viver, devemos ser loucos.
ou a vida não será mais que um momento
passado como tantos outros.
Melancólico
Aborrecido...
e a sanidade tomará conta de nós até ao fim.
e nós não seríamos mais que uma marioneta obedecendo sem saber bem a quê...
não pode ser!
a loucura não é mal nenhum.
a loucura deveria comandar-nos,
não aquela sanidade correcta e aborrecida.
(a vida não é um momento
a vida é uma dádiva)
a vida pode ser vivida com loucura
a vida deve ser aproveitada.
porque a vida não é um momento.
e nós podemos ser sempre melhores que aquilo que fomos e somos.
acho que a palidez amarelada da cidade tomou conta de mim. inquieta-me pensar naquelas florestas de betão e aqueles jardins cinzentões. sinto um aperto enorme no meu peito cada vez que saio do paraíso que é a minha santa terra para ir para aquele inferno de rostos indefinidos em que tudo é cinzento e amarelado. enoja-me e entristece-me tudo igual, tudo tão monocromático. odeio cá vir. que saudades tenho eu do meu jardim, da minha janela que aberta me invade com todo aquele verde e aquele ar puro e fresco...não há mais belo que um botão de flor desabrochar na flor mais bela do jardim, não há como colher o fruto fresco que nasce das árvores plantadas por nós...não há como estar em casa, perto de tudo o que quero, tudo o que gosto e que amo...

entristece-me todo o cinzento betão citadino, irrita-me aquele fumo que me corta o respirar, metem-me medo tantos rostos tão iguais, tão indiferentes a tudo, pesa-me a miséria de muitos...odeio a cidade, odeio aquele buraco, aquele inferno. odeio!

só me consola o verde de casa, o ar puro da terra, o céu azul de dia e profundo de noite, com estrelas como nunca vi...a tua estrela também, pois essa nunca desaparecerá, nunca mesmo!
não quero sair daqui, não quero. amo a minha terra, amo este verde, este céu, este jardim, este paraíso.

Tuesday, April 25, 2006

ainda hoje de manhã me parecia ontem.
mas afinal era sono...
hoje de noite parece-me o amanhã e o ontem já vai lá atrás...
onde estou? melhor, quando estou?
ontem, hoje, amanhã...
tudo num ápice, depressa e rápido passa...
tanto que já se passou,
tanto que se passa
e tanto que ainda se passará!
o ontem foi um sonho,
o hoje é real,
o amanhã uma visão.
afinal, quando estou? se
ainda hoje de manha me parecia ontem
e hoje de noite parece-me amanhã e o ontem já vai lá atrás?
sou doido
sou louco.
deixem-me sê-lo,
deixem-me em paz,
não me digam nada.
sou louco, eu sei.
e digo-o a todos.
vergonha? medo?
porquê? para quê? de quê?
disso não tenho.
sou louco
sou doido.
ouçam todos e ouçam bem.
pois eu sou feliz assim, aproveito a vida.
tristes aqueles tristes que pensam ser felizes.
tristes aqueles sãos que não se deixam invadir pela loucura.
talvez assim vivessem realmente.
tristes aqueles são que vivem uma vida sã.
pudera eles saberem o que é a loucura!
assim saberiam o que é realmente viver...
sou doido,
sou louco.
ouçam todos, ouçam bem.
eu vivo!

Sunday, April 23, 2006


estou vazio.
n há dentro de mim senão um nada
enorme e imenso.
um vazio que me toma e me enche.
não sou + que um saco vazio,
arrastado ao sabor do vento.
e nada digo,
nada penso,
nada sinto.
estou vazio.
não consigo escrever,
não sei escrever.
não há em mim senão um nada.
eu não sou nada.