Monday, June 26, 2006

amar?
só me amo a mim,
só amo o louco que há em mim.
amar?
amo a vida.
amo a vida como se amanhã ela me fugisse.
amo a vida intensa e perdidamente.
amar?
amo-me a mim,
amo a vida para sempre.
o vento não sopra,
o rio não corre.
o sol não raia,
a terra não gira.
a música há muito que parou,
a vida há muito que cessou.
pesa-me a mão
a cabeça
o corpo.
o silêncio mórbido e pesado paira pesaroso sobre mim.
nesta paz solitária pareço ser o único a viver,
mesmo que nada sinta, nem o meu sangue a correr.
nesta calma solitária,
penso e repenso,
mas dói-me e canso-me.
paira uma dor fria sobre mim.
mas o que importa agora é este momento,
aqui, este lugar,
esta calma aborrecida
este silêncio mórbido.
aqui tudo dorme,
tudo está parado,
tudo parece morto.
nesta calma mórbida
aborrecida,
apenas eu pareço viver.