Friday, July 07, 2006

confio muito nas palavras.
elas sabem tudo o que se passa comigo,
elas sabem quem sou.
cada palavra é um sentimento,
cada palavra fala por si,
fala por mim.
expressa uma emoção.
amor
ódio
raiva
paixão
tristeza
alegria
as palavras são minhas amigas.
a elas confio todos os meus segredos,
todas as minhas amraguras.
nelas encontro antídotos para os venenos que me corroem por dentro.
nas palavras vejo reflectido tudo aquilo que eu sou
por fora,
mas principalmente o que sou por dentro.
as palavras contam a minha história,
abrem-se para mim
e eu abro-me para elas.
somos bons amigos,
tratamo-nos com franqueza,
sem mentir, nunca mentir.
conhecem-me bem, as palavras.
e eu conheço-as bem.
elas reflectem-me,
reflectem os meus sentimentos,
sabem bem o que vai cá por dentro.
é das palavras de quem mais preciso,
é delas que dependo.
as palavras são a cura para a minha doença.
eu sou palavras,
as palavras compõe-me, conhecem-me, fazem-me, reflectem-me.
estou farto que sejas só uma recordação.
uma réstia melancólica de algo passado,
um rumor apenas que ouço cá dentro...
algo, indefinido, nem sei bem o quê.
estou farto que sejas apenas e só isso.
não podes ser uma mísera recordação,
não é suposto,
não quero.
não quero só isso.
quero mais,
quero muito mais.
és apenas uma réstia imortal de algo
que paira sobre mim,
que paira no meu pensamento.
uma imaterialização
que teima em não ser material...
e sofro,
sofro com a imaterialização de uma recordação.
não te tenho,
tenho apenas esta simples réstia,
esta mísera e ridícula recordação.
quero mais...