Friday, January 13, 2006

por quem os sinos dobram?

chegaram os frios de Janeiro
os dias cinzentos...
frios...
nublados.
coisas estranhas
(até mesmo bizarras)
vêm-me à cabeça...
obscuro,
a morte.
dias tristes
malditos e frios.
ouve-se ao longe
o dobrar dos sinos.
por quem os sinos dobram?
ressoa os som dos sinos
cada badalada é um baque profundo
e prolongado
na minha cabeça.
pesa em mim o pensamento cruel e mortal
por quem os sinos dobram?
arrepiantes
obscuros e anormais até.
as badaladas contínuas
como que anunciando a presença da morte...
por quem os sinos dobram?

Wednesday, January 11, 2006

"E eu sonho a Cólera, imagino a Febre,
Nesta acumulação de corpos enfezados"

Cesário Verde - Noite Fechada



Já Cesário Verde no século XIX identificava a preguiçosa, doentia e enjoativa estagnação...

VIVAM!

by
Ghost Reverie

Quando o céu baixo e espesso


"Quando o céu baixo e espesso pesa como uma tampa
Sobre o espírito que geme preso pelo tédio,
E que do horizonte, a toda a volta,
Surge um dia mais negro do que a noite.

Quando a terra se transformou em masmorra húmida
Onde a esperança, como um morcego,
Se afasta roçando nas paredes as asas tímidas
E batendo com a cabeça nos tectos apodrecidos.

Quando a chuva, estendendo a imensa cauda
Duma vasta prisão imita as grades,
E uma multidão muda de infames aranhas
Vem estender os seus fios nos nossos cérebros.

Os sinos, de repente, explodem furiosos
E lançam para o céu um terrível urro,
Tal como os espíritos errantes e sem pátria
Que gemem incessantemente.

E longos funerais, sem tambor nem música,
Desfilam lentamente na minha alma; a Esperança
Vencida, chora e a Angústia atroz, déspota,
Sobre a minha cabeça inclinada, crava a bandeira negra."

Baudelaire, " Les fleurs du mal"

Monday, January 09, 2006

a vida

sinto,
quero,
desejo.
em quantidades demasiadas, até à embriaguez.
vivo embraguiado pela minha vida, obcecado com algo (ou alguém). quero fazer do meu passado presente e das minhas memórias verdades. sinto demais, por certo, desejo demais, obviamente.
mas a vida é para ser vivida. nas trevas ou na luz, a vida tem que ser vivida! no limite, correndo riscos, vivendo. não faz sentido ser mais um ser comandado pelas massas, agindo e pensando como tantos milhões de pessoas. como já disse, não devemos apenas existir, mas sim VIVER! pois, porque senão qualquer dia quando dermos por ela já chegou a nossa hora e temos que ir (para onde quer que vamos).
acho que é um pensamento vezes sem conta pensado e repensado, escrito e reescrito. e não só por mim, por todos. todos já pensaram nisto.
embriaguez pela vida, desejo, sentimentos, são coisas inatas, fazem parte de nós. embriaguemo-nos com a vida.
com os nossos desejos.
com os nossos sentimentos.
com as nossas memórias.
o tempo passa. viva-se a vida, aproveitem-se os minutos e segundos.
quando dermos conta...o nosso tempo já se foi.